RENATA SAGAZ

terça-feira, 16 de setembro de 2008

TEATRO

O Ator e Seu Ofício - Fernanda Montenegro

Quando um ator pára o ato teatral nada fica. A não ser a memória de quem o viu. E mesmo essa memória tem vida curta.É a perseverança da verdadeira vocação que vai definir o jogo verdadeiro do jogo mentiroso.O oposto do jogo mentiroso é o ofício da loucura criativa, da responsabilidade, do experimento, da consequência, da sensualidade, do humor.Nosso ofício é lento, muito lento, desgastante, fugidio.A percepção do espaço teatral só se desvenda depois de um longo noviciado. Apanha-se todo dia. É uma profissão de absoluta solidão, onde “outro” é fundamental. Buscar o outro.Confundir-se com o outro. Somar com o outro.Somar com o outro num corpo só. Formando um só organismo, uma só respiração.Penso que o nosso ofício não tem a condenação bíblica do trabalho. O suor do nosso rosto não é um castigo. Nosso ofício é a nossa festa.Há uma famosa frase de que não há nada pior para uma revolução do que um revolucionário mal preparado. Esse preparo tem que ser orgânico, sem divisões ou subdivisões.Sejam totalmente dedicados, mas não confinados. Repito: Busquem a individualidade, não o individualismo.


Foto da personagem "Nota de rodapé" da peça " Oscar Literário" (2007) Adaptação dos livros dos vestibulares 2008. A personagem é do livro " Dom Casmurro" de Machado de Assis.